O patriotismo de verdade, de respeitar as instituições e a democracia, resistiu. Esse é o principal diagnóstico a ser feito do vídeo divulgado na sexta-feira da reunião entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus principais ministros em 2022. Alvo de operação da Polícia Federal (PF), junto com outros militares, fica cada vez mais claro que Bolsonaro e figuras próximas a ele, incluindo militares, cogitaram fortemente tentar um golpe de Estado. Não fica muito claro o que os dissuadiu, mas é motivo de alívio.

A cada nova operação da PF fica mais claro que o golpismo não era apenas uma ideia. Foi estudado, medido e só não colocado em prática porque o ambiente talvez não tenha sido tão propício assim, já que muitos militares não embarcaram na ideia, bem com os outros dois poderes - Legislativo e Judiciário. Por muito tempo os arroubos de Bolsonaro foram vistos como parte de sua personalidade, ou de um personagem populista, mas os resultados das investigações mostram que não. Ele realmente tinha um projeto de poder. E o pior, ainda tem quem defenda esse tipo de ideia.

No jogo democrático de poder, o mais natural é perder. É uma conta simples: a maioria dos candidatos não é eleito. E o que sobra? Trabalhar para o próximo pleito. O próprio Lula é um exemplo de quem perdeu três eleições em sequência antes de ser eleito. Há muitas críticas a serem feitas a ele, por incontáveis motivos, mas ao menos não há sinal de tentativa de perpetuação antidemocrática no poder.

Essa situação de Bolsonaro, dos militares, dos ex-ministros e de seus assessores que trabalharam firmemente com uma ideia de golpe deve ser encarada para servir de exemplo. Não se pode aceitar esse tipo de ideia sendo mantida viva no País. A democracia é a força principal de nossa sociedade e o debate de ideias, a discordância, as vitórias e as frustrações, tudo isso faz parte do jogo. Perder e querer virar a mesa é inaceitável. O que teria acontecido?

Ficar vigilante é papel fundamental de todo cidadão que é, de fato, patriota. O patriotismo de verdade é a preservação da nossa nação. Saber que passamos perto de sofrer um golpe de Estado é motivo para acender alerta para evitar, em qualquer outro pleito, com qualquer linha ideológica político-partidária que vier, dar espaço para isso sequer ser cogitado, quanto mais planejado.